O Betar foi criado em 1923, em Riga, na Letônia, durante uma época de crise pela qual atravessava a Organização Sionista Mundial, que nesse momento deveria voltar a definir suas metas. A tnuá surge paralelamente ao Partido Revisionista Israelense, o Cherut. Ambos os movimentos foram os primeiros a seguir os ideais de Vladimir Ze’ev Jabotinsky.
Em novembro de 1923, Jabotinsky visitou a cidade de Riga, Letônia – atualmente na Rússia – para participar de um ciclo de palestras.
Uma dessas palestras tratava sobre a criação de um grupo militar hebreu de autodefesa juvenil e sobre a ideia de ativistas de se criar em Israel um Exército de Defesa. Em 7 de dezembro do mesmo ano, na sede do Centro Acadêmico Hachashmonai de Riga, reuniram-se os dez iniciadores desta campanha que decidiram criar um movimento juvenil que levasse adiante os ideais de Jabotinsky. O primeiro fundamento aceito foi: “A nova organização constitui o núcleo da Legião Judaica a ser criada”.
O primeiro Garin Aliá (grupo de aliá) se chamou Menorá e fundou um moshav próximo à cidade de Petach Tikvá. Neste mesmo ano, no maoz (nome dado às sedes do movimento, são uma junção das palavras Maon (residência) e Zeev (lobo, uma referência ao cognome do Rosh Betar) de Riga, publica-se o primeiro iton do Betar, chamado Kadima. No Kinus Olami (Congresso Mundial) de Varsóvia, em 1929, são aprovados os pontos ideológicos do Betar, sendo a maioria vigente até hoje.
Neste mesmo ano, Jabotinsky foi escolhido Rosh Betar, o mais alto cargo na tnuá. Logo após a sua morte, o tafkid (cargo) de Rosh Betar nunca mais foi utilizado por pessoa alguma. A partir desse momento, aquele que ocupa o cargo de comando máximo do Betar passou a ser chamado de Rosh Hanagá, eleito democraticamente pelos membros de seu maoz ou país. Jabotinsky, com visão profética, ressalta a personalidade de Eliezer Ben Yehuda, renovador do idioma hebraico, e os valores de Trumpeldor, caído na fortaleza de Tel Chai em defesa de sua pátria. Trumpeldor, momentos antes de tombar, disse: “ein davar, tov lamut be ad artzeinu”, em português : “não importa, é bom morrer pela pátria”.
Durante o holocausto, o Betar teve um importante papel de resistência. Um grande exemplo foi o ZZW (Żydowski Związek Wojskowy) – em português Organização Militar Judaica e em hebraico, ETZI (Irgun Tzvaí Yehudí) -, um dos dois grandes grupos que lutaram no Levante do Gueto de Varsóvia e no qual o Betar teve participação ativa. Pavel Frankel, líder do ZZW e do Betar na Polônia, foi um importante nome para a resistência judaica na Shoá. Além de importantes eventos pelos quais o povo judeu passou nos últimos 95 anos, o Betar teve participação ativa na política israelense, tendo formado líderes como Menachem Begin – responsável pelo primeiro acordo de paz assinado entre Israel e um país árabe: Camp David, a paz de Israel com o Egito.
BRASIL – SÃO PAULO
Em São Paulo, o Betar foi fundado há aproximadamente 60 anos. Entretanto, após alguns anos de funcionamento, grande parte de seus integrantes fez aliá e a sede paulista da tnuá teve que encerrar suas atividades. No dia 22 de abril de 1996, o Betar foi reaberto por um grupo de cinco jovens. Foi crescendo pouco a pouco, e, em 1999, o maoz da capital paulista reunia mais de sessenta jovens, entre 6 e 23 anos. Depois de quase duas décadas, a sede fechou suas portas outra vez por conta das aliot de seus membros e do difícil panorama geopolítico que Israel enfrentava naqueles anos. Durante o segundo semestre de 2018, um grupo de dez jovens levou a cabo o projeto de reviver o Betar na cidade de São Paulo e, no dia 10 de Fevereiro de 2019, reabriu suas portas na cidade. Atualmente, com pouco menos de um ano de existência, a tnuá junta por volta de 35 chanichim por semana.
RIO DE JANEIRO
O Betar Rio foi oficialmente reinaugurado no dia 3 de março de 2018, também como fruto do árduo trabalho de um grupo de 11 jovens engajados da comunidade carioca após ter suas portas fechadas duas vezes na história. A ideia da volta do Betar no Rio de Janeiro surgiu em meados de 2017, quando surgiu da comunidade a demanda de uma tnuá que abordasse exclusivamente Sionismo e Judaísmo como temas e se mantivesse isolada da política nacional. Com isso, foi realizada uma ponte entre o Rio e o único maoz existente na época no Brasil – Porto Alegre -, resultando em uma série de capacitações e seminários, até o dia da inauguração oficial, no ano seguinte. contando com a presença de personalidades icônicas como Yossi Shelley (embaixador de Israel no Brasil), o Ministro de Ciências e Tecnologia de Israel Ofir Akunis, a vereadora Teresa Bergher, além de outras lideranças comunitárias, pais, mais de oitenta chanichim e onze madrichim. Hoje, o Betar Rio está se preparando para a sua quarta machané da história, tendo a última contado com cem betarim no total. O dia em que onze jovens no Rio de Janeiro tiveram a certeza de que, apesar de todos os obstáculos, o Betar poderia tornar-se uma realidade na cidade maravilhosa, foi o dia em que um sonho foi realizado e os ensinamentos de Jabotinsky voltaram a ser transmitidos.
PORTO ALEGRE
A primeira abertura do Betar Porto Alegre foi na década de 1930, sendo assim a sede mais antiga do Brasil. Na época, o maoz contava com cerca de sessenta chanichim por sábado. Em 1967, foi fechado, devido à venda da casa onde estava localizado e à dura repressão sofrida pelos movimentos juvenis durante a Ditadura Militar. Em 1990, com muito apoio do Betar Uruguai, do Likud Porto Alegre e do Sheliach Fabián, foi reaberto. Atualmente, no clube Hebraica Bom Fim, contando com o apoio de outros grupos como o “Brit Nashim” e o “Tagar”, a tnuá reúne por volta de sessenta betarim por sábado.
O Betar Porto Alegre se destaca muito por seu intenso ativismo na comunidade judaica gaúcha e nacional, visando sempre o pioneirismo quando se trata de posicionar-se acerca de temas que condizem com a nossa ideologia, como, por exemplo, através de cartas abertas como a escrita sobre a transferência da embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém ou a publicada pela revista Veja, direcionada ao então candidato a vereador Babá (João Batista Oliveira de Araújo), após o mesmo ter sido filmado queimando uma bandeira de Israel. Nos últimos anos, os betarim do Maoz Shlomo Ben Yossef fizeram parte da reinauguração dos maozim em São Paulo e no Rio de Janeiro.