Exposição

Mostra itinerante - As tnuot na Shoá

Exposição

Mostra itinerante - As tnuot na Shoá

Nós, do Conselho Juvenil Judaico Sionista do Estado de São Paulo, apresentamos com grande satisfação a mostra itinerante “Até o último suspiro! Movimentos Juvenis na Shoá”.

Essa exposição é composta pelo livro e dezessete banners, que relatam a resistência praticada pelos movimentos juvenis sionistas na Europa durante a Segunda Guerra Mundial contra o regime nazista.

Livro da Exposição

Até o último suspiro

Movimentos Juvenis Sionistas na Shoá

Esperamos que esse livro cause em você o mesmo efeito que causou
em nós, de que jamais devemos ser indiferentes, pois tratamos,
essencialmente, de um relato de resistência. Resistência que se deu,
sobretudo, através da esperança. A exposição “Até o último suspiro!
Movimentos Juvenis na Shoá” nos mostra que a esperança permaneceu
até o último suspiro daqueles que viveram a Shoá e nos ensina que
sua memória e aprendizagem deverá permanecer até o último suspiro
daqueles que viverem a terra.

Conselho Juvenil Judaico Sionista do Estado de São Paulo

Jovens na shoá

Itzchak Katzenelson

Integrante do Dror, era professor na escola clandestina do movimento e ensinava diversos assuntos, em especial Tanach. “Ele sabia combinar suas aulas de bíblia com a educação pelo amor ao povo, à terra de Israel e ao projeto de independência.”

Justina (apelido de Gusta Dawidson)

 

Nasceu em Cracóvia em 1917. Em 1938 já era líder do movimento Akiva.  Logo após a ocupação alemã, foi uma das fundadoras da organização “Hachalutz Halochem”. Ela escreve e é responsável pelo Iton da Tnuá. 

 

 

Justina e Shimshon Draenger

Se conheceram na tnuá e começaram a namorar. Viajavam de cidade em cidade com documentos falsos, para promover atividades educativas.  Eles acreditavam nas “Chavot Hachshará”, ou “Fazendas de formação”; aprendiam a trabalhar a terra para chegar prontos em Israel. É incrível que tenham realizado este projeto em plena guerra. Se casaram em 1940 e prometeram um ao outro que, se um fosse capturado, o outro se entregaria.

Tossia Altman

Nasceu em Valetzlavek. Foi uma das fundadoras do movimento juvenil Hashomer Hatzair em Varsóvia. Foi uma mensageira principal e chegou a todos os cantos da Polônia ocupada. No levante do Gueto de Varsóvia ficou presa dentro do gueto e transmitiu por telefone ao lado ariano o que estava acontecendo. Quando o gueto tombou, foi uma dos poucos que conseguiu escapar através dos esgotos. Em 25 de maio de 1943 sofreu queimaduras no incêndio do esconderijo da Resistência polonesa. Foi capturada pelos alemães e morreu por causa das torturas que sofreu.

Haika Grossman

Nasceu em 1919 em Bialystok. Tornou-se uma ativista do Movimento Juvenil Sionista Hashomer Hatzair. Quando a 2ª Guerra Mundial começou em 1939, Haika mudou-se para Vilna, Lituânia, área que ainda não tinha sido atacada pela Alemanha. Em Vilna, Haika ajudou a recrutar e unir membros dos movimentos juvenis sionistas pioneiros da cidade. Em junho de 1941 a Alemanha invadiu a União Soviética e Haika retornou a Bialystok, onde ajudou a organizar um movimento clandestino. Junto a outras cinco jovens mulheres que fingiram ser polonesas – Liza Czapnik, Marila Ruziecka, Hasya Belicka (Borenstein), Bronka Winicki (Klibanski) e Ana Rud, ela levou mensagens para vários guetos e ajudou a clandestinidade judaica e os partisans que estavam montando bases ao redor de Bialynstok. Haika veio a ser então, membro da unidade judaica de partisans e, em agosto de 1943, tomou parte no levante do gueto de Bialystok.

 

Após a liberação da região, Haika trabalhou como representante da Shomer Hatzair. Em 1948 ela imigrou para Israel, indo morar no kibutz Evron. Ela foi membro do Knesset (Parlamento) de 1969 a 1981 e de 1984 a 1993. Seu livro, O exército clandestino, foi publicado em 1988.

Marek Edelman

Foi um dos comandantes do levante do gueto de Varsóvia. Também foi um dos seus poucos sobreviventes.

 

Marek nasceu em Varsóvia. Na adolescência se aliou ao Zukunft, o Movimento Juvenil associado ao Partido Judaico-Socialista Bund. Quando os nazistas ocuparam a Polônia em 1939, Marek foi enviado ao gueto de Varsóvia. Logo tornou-se um líder da resistência clandestina e em 1942  juntou-se à Organização de luta judaica (ZOB). No levante do gueto, Edelman ajudou a liderar a resistência judaica quando os nazistas começaram a se aproximar. Em 10 de maio ele conseguiu atravessar para o lado não judeu da cidade através dos esgotos. 

 

Logo após a guerra, Marek publicou um livro chamado “O papel do Bund na defesa do gueto de Varsóvia”, em polonês e Yidish. Ele escolheu permanecer na Polônia após a 2ª Guerra e tornou-se um cardiologista. 

 

Nos anos 80 foi ativo no Movimento sindical Solidariedade de Lech Walesa.

Tzivia Lubetkin

Tzivia nasceu na Polônia oriental em 1914. Juntou-se, muito jovem, ao Movimento Juvenil Sionista Dror. Quando começou a 2ª Guerra Mundial em setembro de 1939, Tzivia estava numa parte da Polônia ocupada pela União Soviética. Assim que conseguiu, voltou para Varsóvia para participar de atividades do movimento clandestino. Nesta mesma época, conheceu e se apaixonou por um colega do movimento, o líder Yitzhak Zuckerman. Mais tarde, casaram-se.

 

Em 1942 os alemães começaram as deportações de judeus, de Varsóvia para os campos de extermínio num ritmo acelerado. Naquele momento, Tzivia ajudou a fundar o bloco antifascista. 

 

Esta foi a primeira organização criada no gueto de Varsóvia cujo propósito expresso era a resistência armada.

 

Em abril de 1943, quando a liquidação final do gueto se iniciou, ela participou do levante. Escapou através dos esgotos para o lado “ariano” de Varsóvia. 

 

Depois da guerra, Tzivia foi ativa na Organização dos Sobreviventes do Holocausto e ajudou a organizar a Beriha, uma organização que ajudava judeus europeus “ilegais” a imigrar à Palestina.

 

Ela mesmo foi viver lá em 1946, onde ajudou a fundar o kibutz Lochamei Haguetaot (“os combatentes do gueto”) e também o Museu de mesmo nome.

Mordechai Tenenbaum-Tamaroff

Em Bialystok, o plano era coordenar os movimentos juvenis para formar uma organização de combate judaica, mas o atrito e os conflitos entre as várias ideologias impediram que isso acontecesse. Tenenbaum chegou ao gueto de Bialystok em 1º de novembro de 1942 de Varsóvia. Depois de testemunhar a organização de um grupo clandestino de resistência em Varsóvia, ele estava entusiasmado em estabelecer uma força de combate unida em Bialystok. No entanto, muitos se opuseram, preferindo fugir para as florestas e lutar contra os alemães junto com os guerrilheiros.

 

Em suas palavras:

“É bom que pelo menos o humor esteja alegre. Infelizmente, a reunião não será muito animada. Esta reunião pode ser histórica, se você quiser, trágica, se quiser, mas certamente triste. Pois vocês aqui sentados são os últimos halutzim na Polônia; ao nosso redor estão os mortos. Você sabe o que aconteceu em Varsóvia? Ninguém sobreviveu, e foi o mesmo em Bendin e Czestochowa, e provavelmente em qualquer outro lugar. Nós somos os últimos. Não é um sentimento particularmente agradável ser o último: envolve uma responsabilidade especial.

 

Temos que decidir hoje o que fazer amanhã. Não faz sentido sentar juntos em uma atmosfera calorosa de lembranças! Nem em esperar juntos, coletivamente, pela morte. Então o que devemos fazer? Temos duas opções: decidir que, quando o primeiro judeu for despachado de Bialystok, iniciaremos uma reação: a partir de amanhã ninguém vai à fábrica; que quando a aktion ocorrer, nenhum de nós pode se esconder. Todos se mobilizam para a ação. Devemos garantir que nenhum dos alemães saia vivo do gueto. Que nem uma única fábrica permaneça intacta – e não é impossível que, após a realização dessa ação, possamos permanecer vivos por algum acaso. No entanto – lute até o último homem, até o fim. Esta é a primeira opção. A segunda opção é sair para a floresta […]”

Frumka Plotnicka

 

Frumka Plotnicka nasceu em 1914 em uma vila próxima a Pinsk, onde frequentava o movimento sionista Dror. Em 1938, Frumka se muda para Varsóvia, sede principal do movimento juvenil. Foi também integrante do movimento clandestino He-Halutz e fez parte de sua liderança nos anos de ocupação alemã na Polônia.


No início da guerra em setembro de 1939, Frumka e outros jovens da tnua se mudam para a parte oriental da Polônia, ainda ocupada pelos soviéticos, em uma tentativa de fugir para a palestina. Em 1940, no entanto, Frumka retorna para Varsóvia para reorganizar o Dror como movimento clandestino e de lá também reforça o movimento He-Halutz.


Em setembro de 1942, Frumka é mandada pela Organização de Combate Judaica de Varsóvia para Bendzin, no intuito de ajudar a criar uma estratégia de defesa para a resistência no gueto.


Frumka Plotnicka se recusa a deixar o gueto em seus últimos dias de batalha em Agosto de 1943, e é morta no dia 3 junto com outros jovens combatentes da resistência de Bendzin.

 

 

Mordechai Anielewicz

Mordechai Anielewicz foi um dos comandantes do Levante do Gueto de Varsóvia. Ele nasceu em Varsóvia e já jovem se tornou um dos grandes líderes do movimento do qual fazia parte, Hashomer Hatzair. No início da guerra, Mordechai sai da sua cidade em direção a Vilna e cruza parte da Polônia ocupada pela URSS, o que fazia parte de um plano de fuga para a Palestina, entretanto, ele acaba sendo pego por oficiais soviéticos antes de conseguir. Depois de solto, ele concentra seus esforços em acompanhar um grupo de jovens de volta para a parte da Polônia ocupada pela Alemanha, a fim de continuar em segredo as atividades do movimento, publicar jornais clandestinos e organizar seminários e reuniões. Além disso, Mordechai também visita outros guetos fora de Varsóvia para acompanhar seus companheiros no processo de resistência.


Já em 1941, ao ouvir os boatos dos assassinatos em massa nos campos de concentração, Mordechai Anielewicz organiza uma resistência armada dentro do Gueto de Varsóvia, e em 1942 consegue unificar todos os movimentos clandestinos em torno de um único líder (Jewish Fighting Organization – sigla polonesa ZOB).
Após diversas batalhas e motins para impedir as deportações, tem início em Abril de 1943 a última deportação do Gueto de Varsóvia. Liderados por Mordechai Anielewicz, os integrantes da resistência iniciam o Levante do Gueto. No dia 8 de maio, Mordechai Anielewicz e seus companheiros que estavam escondidos em um bunker na rua Mila 18 são surpreendidos e mortos. Mesmo sabendo que o fim estava próximo, Anielewicz continuou lutando e se tornou um dos grandes símbolos da resistência.

Chavka Raban Folman

Chavka tinha 15 anos quando os alemães conquistaram Varsóvia. Em 1940, antes dos portões do gueto se fecharem, participou do 1º seminário da juventude sionista do movimento Dror. Vários participantes estavam entre os futuros fundadores da “Organização de Luta Judaica” (ZOB).

 

Naquele ano, Chavka passou a viver na comuna do Dror. Lá, conheceu “Antek” Zuckerman e Zivia Lubetkin. Com a audácia adolescente, a aparência não-judia e o excelente polonês, Chavka – com 17 anos – recebeu a identidade falsa de “Emma Marczynjak” e tornou-se uma mensageira (“kasharit”). Levava mensagens escondidas para outros grupos de resistência. Em 1942, foi enviada em uma missão para Treblinka para descobrir sobre rumores de assassinato. Mais tarde, descobriria que seu pai foi morto lá. No fim de 1942, Chavka foi presa depois de um ousado ataque ao Café Cyganeria, em Cracóvia, e mandada para Auschwitz e depois para o campo de Ravensbrück, na Alemanha. Em abril de 1945, Chavka foi levada para a Suécia pela Cruz Vermelha. Em 1947, chegou a Eretz Israel. Juntamente com Zivia e Antek, fundou o Kibutz Lochamei Haghetaot. A partir de 1987, Chavka passou a contar sua história aos visitantes do Museu, que fica no mesmo kibutz. Faleceu em 2014, aos 89 anos.

Conheça as tnuot

Organização

Patrocinadores

Apoiadores

Justina e Shimshon Draenger

 

Justina e Shimshon Draenger se conheceram na tnuá e começaram a namorar. Viajavam de cidade em cidade com documentos falsos, para promover atividades educativas.  Eles acreditavam nas “Chavot Hachshará”, ou “Fazendas de formação”; aprendiam a trabalhar a terra para chegar prontos em Israel. É incrível que tenham realizado este projeto em plena guerra. Se casaram em 1940 e prometeram um ao outro que, se um fosse capturado, o outro se entregaria. 

 

 

Em janeiro de 1943 Shimshon foi capturado. Justina se entregou à Gestapo, pois haviam jurado lealdade um ao outro. Na prisão de Montelupich, entre torturas, começou a escrever seu diário em pequenos pedaços de papel higiênico. Estes papéis foram contrabandeados para fora da prisão e lidos pelos membros da resistência. Justina, na prisão, traduziu a canção “Sbrent” de Mordechai Gevirtig para o polonês e as presas cantavam como símbolo de resistência. O mesmo faziam os madrichim que se rebelavam nos guetos.

Justina e Shimshon conseguiram escapar da prisão em 29 de abril de 1943. Retomaram suas atividades de luta no bosque Wisnicz. No dia 8 de novembro de 1943, Shimshon Draenger foi capturado. No dia seguinte, Justina, por causa do pacto que fez com seu marido, entregou-se também. Ambos foram executados pouco depois.

Assim como muitos outros jovens, Justina se reunia com os membros do movimento do qual fazia parte (Akiva) na rua Yosefinska 13 do gueto de Cracóvia. Naquela casa, os jovens de tnuot, agora clandestinas, formaram um kibutz urbano e uma comuna, com o intuito de continuar educando de acordo com os valores judaicos e sionistas. Lá, os jovens também discutiam diversos dilemas que passaram a enfrentar – se continuariam com as atividades, quais os objetivos do movimento durante a guerra, se deveriam ou não falar sobre furtar comida, enganar e outras ações que teoricamente vão contra os ideais tnuatiim. Justina escreve a respeito do cotidiano na rua Yosefinska 13:

 

“Reinavam o cinismo e a falta de crença nos valores e ideais. Se desconfiava do pensamento sério e profundo. A guerra causou a destruição dos jovens: os ensinou a abrir um caminho pela força dos punhos, a pisar nos pés de seus companheiros, a enfrentar o precipício e a salvar a vida a todo custo, sem pensar na honra, na liberdade e na consciência, lhes ensinou a escravizar sua mente pelo inimigo, sem nenhum reparo ou freio. Quanto a eles, os companheiros do movimento, da Tnuá, protegeram a pureza de suas casas, como antes, e com seu coração conservaram a chama viva. 

Enquanto os outros se afundavam, eles construíam algo novo e tentavam fazer com que suas vidas se apegassem a esse objetivo como uma rocha acima das águas turvas a sua volta. 

 

Sem dúvida, em seu caminho começaram a aparecer vítimas. Então, criou-se um problema: Deveriam seguir e ampliar as fileiras do movimento, quando a morte confiscava a maioria de seus membros? As ideias eram opostas, e ao final venceu a ideia mais sã: Não se podia congelar o movimento, os combatentes não podiam ficar sentados sem fazer nada. Um combatente que se esconde em um esconderijo seguro, se converte num fraco, cuja vida se salva, mas que perde a força da alma. Seu corpo poderia sair sem ferimentos da fogueira do mundo, mas seus pensamentos murchariam e apodreceriam. Agora, qual é o sentido de trabalhar pela salvação de jovens sem alma, sem luz e verdade interior? “

 

“Os líderes das Tnuot não educaram e nem foram educados para atuar na clandestinidade e ter armas. Nossa liderança era espiritual. Nos momentos mais duros, soubemos dar exemplo de espírito de valor e luta a nossos chanichim, mas sempre sobressaiu o espírito educacional… Nossa maior aspiração era a auto realização em Eretz Israel. Como nunca fomos soldados, não nos considerávamos capazes de conduzir os chanichim ao combate.”